73. Parecemos dois rivais

Luan estava na piscina conversando com uma loira enquanto bebiam uma espécie de batidos. Ele não me tinha visto, mas com certeza não estava sentindo minha falta já que era todo sorrisos para aquela mulher. Fiquei os encarando até a galera chegar e Marquinhos chamar Luan que assim que olhou para a direção onde eu estava me viu e desfez o sorriso que tinha no rosto. O pessoal entrou na água e se serviu no bar que tinha ali dentro mesmo. Fiquei ali especada enquanto ele me olhava sem graça. Não queria mais ver aquilo e subi para o quarto segurando as lágrimas. Foi só o tempo de pousar a mala de praia que a porta se abriu.

Luan: Melissa. – me chamou receoso. – A gente precisa conversar.

Mel: Ah precisa? – ironizei – Você já não estava conversando com aquela mulher lá em baixo, porque não continuou?

Luan: Pára com isso. – falou um pouco alto.

Mel: Pára você! Se acha no direito de ter ciúmes mas quando eu tenho você acha besteira. Se acha que tem razão fica com ela porque eu não estou para ouvir as tuas ideias machistas. – esbravejei.

Luan: Você está assim porquê? – me olhava confuso, que cínico.

Mel: Você está brincando comigo né? – gritei.

Luan: Fala baixo. – me advertiu autoritário. Bufei indignada e lhe apontei um dedo.

Mel: Não se faça de idiota. Pensa que eu não vi você apreciando aquelas mulheres passando hoje lá na praia? Até a cabeça inclinou. Eu te pergunto, e o respeito por mim? Nem por eu estar do seu lado você teve isso em atenção. – Luan ficou tenso.

Luan: Não exagera, eu olhei como olho para outras pessoas. – se desculpou inutilmente.

Mel: Sério? Então cê anda com dor de pescoço constantemente né?

Luan: Tá, eu olhei e daí? Você não perdeu tempo e foi atrás daquele idiota. Cadê o respeito hein? – me olhava se achando o dono da razão.

Mel: Primeiro o Pedro não é nenhum idiota. E segundo a gente estava apenas conversando, tive curiosidade de saber mais sobre o que ele estava fazendo. Tinha de te pedir autorização era?

Luan: Olha o viadinho tem nome. – o olhei furiosa – Precisava ser insolente quando eu fui lá te pedir pra parar?

Mel: Não fui insolente, você que não tem modos. – falei impaciente – Se acha que o seu ciúme exagerado te vai levar a algum lugar se desengane pois ele só vai fazer a gente brigar.

Luan: Só eu que tenho ciúmes né? – falou irónico e ri nervosa.

Mel: Cala a boca Luan. – falei firme segurando as lágrimas, não poderia dar parte fraca na frente dele.

Luan: Luan? – falou em admiração.

Mel: Não é o seu nome?

Luan: Você quer continuar com essa briga continue, eu que não vou correr atrás como sempre faço.  

Mel: Isso, agora me deixa em paz e volta para a beira daquela vadia.

Luan: Ela está cá em lua-de-mel, o marido estava no bar pedindo algo pra ele e ela me reconheceu e ficou falando que foi em shows meus e que tinha amigas que eram minhas fãs. Se não acredita o problema é seu. – justificou.

Mel: Eu acredito em você. – falei seca.

Luan: Ainda bem que acredita e que confia no que te digo. – falou com mágoa na voz.

Mel: Eu te prometi que ia confiar não prometi? Agora chega dessa merda de briga.

Luan: Me admira você. – me olhava semicerrando os olhos – Me escondeu aquilo da Denise e quando eu descobri te perdoei porque te amo mais que tudo neste mundo e quando me vê apenas vendo as moças passarem como qualquer homem que estava lá olhou decide ir falar com um desconhecido aceitando que ele te ajudasse naquela prancha só pra me provocar. Acha que eu mereço isso? – falou triste e irritado.

Mel: E eu mereço viver sufocada com esse seu ciúme besta? Não posso conversar com ninguém que você vem pra cima. Se toca Luan, o mundo não gira a sua volta. – me irritei.

Luan: Eu sou burro eu sei. – afirmava com a cabeça – Fiz de você a minha prioridade para ser tratado assim. Beleza Melissa. Só espero que você pense nas coisas que faz. – falou tentando me colocar peso na consciência. Mas ele não tinha razão, eu sei que também não a tinha, mas as palavras que trocamos não nos levaria a lugar algum.

Mel: Fica aí com a sua razão que eu vou tomar meu banho para me divertir com os meus amigos na balada. – falei o encarando e tranquei o banheiro.

Pude deixar cair todo choro que estava preso na garganta. Demorei um pouco mais e depois de me enxugar vesti um roupão indo para o quarto. Luan estava na varanda e assim que me ouviu sair pegou nas suas coisas indo para o banheiro. Esta briga me fez sentir tonturas novamente, e eu estava começando a ficar preocupada com isso, mas deveria ser apenas stress. Tomei um comprimido para a dor de cabeça e fui me arrumar.

Luan saiu já vestido e com os cabelos arrumados. Ele estava lindo, com uma calça jeans clara e uma blusa azul escura. O seu perfume invadiu o quarto e me desconcertou completamente. Terminei de passar o batom e peguei na minha mala. Luan me esperava na porta do quarto, a fechando assim que passei por ela. A galera estava ali no corredor esperando a gente. Descemos em silêncio da minha parte e de Luan. O jantar seria algo mais brasileiro mas nem estava com tanta fome assim. Não me sentia bem em estar chateada com o Luan. Me sentei perto da Anita e Luan por não ter lugar ao meu lado se sentou na ponta da mesa longe de mim.

Mari: Mel você não está gostando do jantar? – me olhou com ternura me vendo remexer a comida com o garfo.

Mel: Está delicioso, eu que não estou com muita fome.

Luan: Melissa come. – falou autoritário não me olhando.

Ele mesmo brigado ou separado cuidava de mim e essa era das caraterísticas de Rafa que eu mais admirava. A galera sentiu a tensão entre a gente e depois de se terem calado com a fala de Luan começaram uma conversa aleatória. Comi mais um pouco e fiquei esperando acabarem de comer. Depois da sobremesa que eu não quis saímos pra rua. Luan conversava com os meninos enquanto eu ia calada ouvindo as meninas.

Amarildo: Crianças. – chamou a atenção de todos. – Eu e a Mari não vamos com vocês, não temos idade para essas baladas que vocês gostam e também preferimos passear por aqui.

Mari: Vamos desvendar um pouco destas ruas e atrações que têm para depois levar vocês nos outros dias. – sorriu.

Bruna: Tá bom, mas juízo hein? – falou engraçada.

Amarildo: Juízo você Bruna. – avisou e ela riu constrangida.

Luan: Quando chegarem no hotel me avisem por favor? – pediu e eles assentiram indo para uma direção oposta a nossa.

Mel: Bruna – a puxei para o meu lado – Você está dormindo com o Rafael?

Bruna: Cê acha? Meu pai foi nas graças do Luan e reservou os quartos de modo a gente não dormir junto. – falava zangada. – Vê só: Você e Luan num, Max e Sthefany noutro, Douglas e a namorada juntos assim como meus pais, o Rafa ficou com o Marquinhos e eu com a Ana e a Dany.

Mel: Luan não facilitou mesmo.

Bruna: Para quem se mostrou compreensivo comigo e o Rafael antes, agora deixou a desejar. Mas acho que se a gente ficasse junto meu pai também não ia gostar muito. – fez uma careta.

Mel: É diferente, você é a menina da casa. – tentei descontrair. – Mas vocês aproveitam estes momentos em que todo o mundo está distraído.

Bruna: Pois é, a gente até já combinou e tudo, para estarmos juntos e mais á vontade lá na balada. – riu envergonhada.

Mel: Porque vocês não somem no meio da noite e vão pra área da piscina, ou pro salão do hotel?

Bruna: Se o Luan souber dessas suas sugestões capaz de brigar com você. – riu.

Mel: Mais do que já estamos brigados acho impossível. – falei cabisbaixa.

Bruna: Deu pra notar que vocês estão se estranhando. Mas aposto que foi por bobeira.

Mel: Somos dois orgulhosos Bubu. – sorri de canto e entrámos na conversa das meninas.

Chegámos na balada que segundo Max era das melhores da zona que encontrou na net. O lugar era bem moderno e Luan habituado aos camarotes no Brasil comprou pulseiras para toda a gente. Subimos e estava bem tranquilo, algumas pessoas já dançavam enquanto outras jogavam conversa fora enquanto bebiam. Nos sentamos numa mesa grande com sofás que tinha ali no canto perto da grade. Os casais se juntaram, e eu fiquei com Anita e Dany enquanto Luan estava do outro lado em minha frente com Marquinhos. Pedimos as nossas bebidas e por estar ainda com dor de cabeça pedi uma limonada. A galera se animou indo para a pista, sobramos apenas eu e Luan.

Pedro: Melissa? – Ouvi a voz de Pedro e olhei o vendo sorrir.

Mel: Oi, que coincidência te encontrar por aqui.

Pedro: Né, a ilha é pequena não havia muitas outras hipóteses também. –riu.

Mel: Essa menina linda deve ser a Maria né? – sorri para a menina que estava ao lado dele. 

Pedro: É, deixa eu te apresentar, Maria é a Melissa que te falei hoje. – me deu dois beijos e me lembrei que ela era fã do Rafa, talvez ela não tenha reparado nele ali. O olhei e ele estava com uma cara estranha.

Mel: Maria olha aí. – apontei com a cabeça para Luan e ela assim que o viu ficou sem reação se aproximando dele e o abraçando. Luan me olhou confuso. – É sua fã – pronunciei inaudível e ele sorriu correspondendo ao abraço da menina. Pedro se sentou ao meu lado. 

Pedro: Se resolveram?

Mel: Não.

Pedro: Não esquenta com isso não, mais cedo ou mais tarde vocês se acertam. – sorriu e Luan conversava animado com Maria desviando o olhar algumas vezes para onde eu estava.

Mel: E você namora?

Pedro: Não, tenho só 25 anos, muito para aproveitar ainda. – falou rindo e deduzi que ele era um pegador.

Mel: Você é mulherengo né? – o olhei desconfiada.

Pedro: Que é isso? Não me julgues mal. Eu me fiz a você quando você veio meter conversa?

Mel: Não, mas falando desse jeito parece ser galinha. – rimos.

Pedro: Não sou de me apegar, mas também não sou de ter uma mulher diferente todos os dias. – confessou olhando a pista. – Hoje por exemplo, minha irmã veio comigo e vai se encontrar com o namorado aqui, e eu pra não ficar de vela vou me divertir.

Mel: É, não é descabido de todo.

Pedro: E acho que já escolhi. Está vendo aquela loirinha linda ali? De olho escuro com uma marca no pescoço? – falava de Bruna e não pude deixar de rir. – Que foi?

Mel: É a minha cunhada.

Pedro: Sério? Foi mal. – coçou a nuca constrangido.

Mel: Nada não, está vendo o moço ao lado dela? – ele assentiu – É o namorado.

Pedro: Ia sair pela culatra a minha tentativa, estou vendo.  Mas cê não tem nenhuma amiga aí pra me apresentar não? – me olhava sapeca.

Mel: Até tenho, a Ana Carolina. Aquela loirinha ali de olho azul.

Pedro: Hum, me agrada bastante. Vou lá.

Mel: Cê não perde tempo né?

Pedro: A vida é curta Melzinha. – me chamou como Luan me fazendo lhe dar um sorriso frouxo.  – E você deveria fazer o mesmo, ao invés de ficarem aí nesse encaramento.

Mel: Boa sorte com a Anita. – Desviei o assunto e ele se levantou. Se juntou á galera dançando com Anita que sorriu pra mim vendo o bofe que estava na sua frente.

Maria: Melissa? Vem cá, quero tirar fotos com vocês os dois juntos pra postar no meu fã clube.

Mel: Cê tem um fc mexicano? – perguntei me sentando ao lado dela.

Maria: Tenho sim, já pedi para o Luan me seguir, não esquece de pedir o user pra ele depois tá? – me olhava meiga e assenti. Tirámos várias selfies e ela pediu uma foto minha e de Luan. Assim que ela deixou de estar entre a gente me aproximei de Luan vendo-o fazer o mesmo. – Luan que é isso hein? Agarra essa mulher. – disse brincando e olhei Luan que riu com a sua ousadia. Luan colocou seu braço á volta de meus ombros e tirámos a foto. Um menino apareceu beijando Maria, com certeza o seu namorado. Ela se despediu e se foi. Olhei para a pista e Pedro estava aos beijos com Anita, ri da cena e Luan me olhava.

Luan: Vamos continuar com essa distância? – falou em meu ouvido me arrepiando.

Mel: Não sei, me diga você? – o olhei e ele revirou os olhos bufando. – Eu vou buscar uma bebida. – me levantei e fui ao bar pedindo uma vodka simples. Voltei para a mesa e me sentei novamente de frente para Rafa que me olhou indignado. Bebi tudo sob o olhar reprovador dele que percorreu a curva do sofá e se sentou do meu lado.

Luan: Meus pais já chegaram no hotel. - me informou - Vamos dançar? – me perguntou com alguma frieza na voz. Eu não estava confortável naquele ambiente em que todos se divertiam e eu e Luan estávamos brigados. Não lhe respondi e peguei na minha mala me levantando. – Onde cê vai? – segurou meu braço me fazendo o olhar. Não o respondi e puxei com força meu braço de sua mão pisando forte, saí disparada da balada evitando que Luan me seguisse. Atravessei a rua correndo e me descalcei entrando na praia. Eu iria andar á beira do mar até me cansar e voltar para o hotel. 

Boa tarde :) Nosso casal brigou feio! Ciúme demais, orgulhoso muito mais ainda. Nem se falam, mas foram pra balada e quem apareceu? O Pedro. Luan quis puxar assunto mas a Melissa não deu brecha e saiu dispara. O que irá acontecer? Será que o Luan vai atrás dela? Comentem bastante, beijos <3