116. Perfume de mulher

A data do casamento estava decidida, 15 de Janeiro, a maioria dos convidados estaria de férias e com certeza marcaria presença. Depois de algumas sugestões escolhemos o local, quer dizer, a praia. Luan deu a dica de Cozumel, mas isso implicaria mover muita coisa para que desse certo, então por unanimidade escolhemos Fernando de Noronha. Luan iria entrar em contacto com a pessoa que o autorizou a fazer o pedido de casamento e perguntaria se a praia tem bons acessos para a realização de uma cerimónia, senão seria na praia de frente a nossa casa. 

Dora: E a música de casamento qual será? Alguma sua Luan? - Ele me olhou e sorrimos cúmplices. 

Luan: Na verdade vai ser uma minha mesmo, mas não vou cantar sozinho. - Dora o olhou confuso - É um dueto que escrevi para cantar com a Mel e  iremos gravar brevemente e só divulgar no dia do casamento. Vai ser surpresa. - informou aquilo que tínhamos conversado antes. 

Dora: Nossa que legal, você canta Melissa? 

Mel: Não, mas com um noivo cantor aprendo rapidinho. - ri. 

Luan: Canta sim Dora, cê vai amar ver esse momento. - entrelaçou nossas mãos e Dora nos olhou carinhosa. 

Após Luan assinar todos os papéis que dariam a Dora a autorização para marcar a data e tudo mais nos despedimos. Minha avó apareceu com Alice e com uma proposta tentadora para a gente. 

Lúcia: Porque vocês não aproveitam que a menina está calma, sem dores na gengiva e vão jantar fora? - Olhei Luan que sorriu de canto e dei de ombros deixando a decisão a seu critério. 

Luan: Sabe que a senhora me deu uma super ideia, a gente vai sim. 

Lúcia: Ótimo. Voltem quando quiserem, a Alice vai estar em boas mãos. 

Mel: Disso eu tenho certeza. 

Rafa ligou para o restaurante e reservou uma mesa para dois. Terminei de me arrumar e Luan ainda estava no banho. Desta vez ele que estava demorando mais do que eu. 

Mel: Nossa, pensei que tivesse ido pelo ralo abaixo. - brinquei. - Estava assim tão sujo? 

Luan: Cê não viu como eu estava? O Gurizinho me matou esta tarde, fiquei sujo de lama da ponta do cabelo á ponta do pé. 

Mel: Você parece uma criança brincando com ele. - zoei. 

Luan: Que engraçadinha, fique sabendo que as suas flores estão crescendo de novo. 

Mel: Bom mesmo que cresçam, o jardim precisa de vida. 

Luan: Quem está ganhando vida são esses seus seios quase saindo da blusa. - falou apreciando e semicerrei os olhos. 

Mel: Acha que está feio amor? - perguntou na dúvida puxando a blusa pra cima. 

Luan: Não, só valoriza aquilo que de bom cê tem. - falou safado e me admirei por não implicar. Realmente ele estava mudando. 

Mel: Só isso? - prolonguei querendo saber se ele mostrava ciúme. 

Luan: E que vão me distrair no jantar, mas não me importo não. - não pude deixar de rir com a sua observação e ele me acompanhou terminando de calçar os coturnos. 

Mel: Ainda vai arrumar o cabelo? 

Luan: Lógico, não vou sair de gorro ou chapéu tendo uma princesa do meu lado. 

Mel: Vê se não demora. No casamento você vai chegar depois de mim. 

Luan: Duvido, você nesse dia vai ficar tão nervosa que vai demorar horas para ficar perfeita pro seu Rafa. - falou convencido. 

Mel: E você vai ficar super calmo né? - disse irónica e rimos. - Vou dar a sopa á Alice, até já amor. - selei nossos lábios e desci. Minha avó já estava aquecendo a comida dela e assim que terminou lhe dei. 

Luan: Estou pronto. - chegou na cozinha e minha avó o admirou sorrindo. 

Mel: Deu pra notar desde quando você saiu do quarto, pelo perfume. 

Lúcia: É assim mesmo, tem coisa melhor do que abraçar uma pessoa e ficar com o cheiro dela? - Olhei admirada para minha avó. 

Mel: Nossa D. Lúcia, anda muito romântica, encontrou alguém foi? - brinquei e ela me olhou feio. 

Lúcia: Deixa de graça Mel. Eu não tenho idade para isso. 

Luan: Não há idade para amar avó, e podemos encontrar alguém ao virar da esquina, no meu caso foi ao abrir da porta. 

Lúcia: Já não se fazem rapazes como tu meu neto. 

Mel: Baba ovo. - brinquei e Alice bateu com a mão na mesa brava - Que foi hein boneca, cê está defendendo o seu pai é? Também é baba ovo dele? 

Luan: Essa é minha filha. - beijou o rosto da pequena que riu. 

O restaurante era um conhecido de Rafa, nunca tinha lá ido. O garçon nos indicou a mesa e nos trouxe os cardápios. Não sei se foi impressão minha mas ele me encarava direto me deixando desconfortável. 

Mel: Você conhece bem as pessoas daqui? - perguntei curiosa. 

Luan: Mais ou menos, a gente costumava vir aqui jantar quando terminava o ensaio ou alguma gravação. Cê tá gostando? - assenti e logo o garçon voltou com o champanhe que Rafa pediu. - Um brinde a nós. 

Mel: A nós.

A comida estava deliciosa. Pedimos a sobremesa e mais uma vez o garçon ficou mais tempo do que necessário me olhando. Desviei meu olhar para Luan não reparar e ter uma crise mas acho que foi inútil pois assim que estávamos sozinhos de novo me olhou estranho. 

Luan: Ele te conhece? 

Mel: Não Rafa. - beberiquei e o olhei sincera. 

Luan: Porque ele não pára de olhar então? - dei de ombros não sabendo - Deve querer que eu lhe mostre que cê é minha. - falou um pouco mais firme. 

Mel: Vamos apenas terminar e depois dar uma volta por aí. - sugeri e ele pegou em minha mão que repousava na mesa. 

Luan: Fazer besteira? - perguntou baixo e ri envergonhada. 

Mel: O que você quiser. 

Na hora de pagamento Luan encarou o garçon sério, mas mesmo assim ele não desviava de mim. 

Luan: Cara cê tá com algum problema no pescoço? - perguntou cínico. 

Garçon: Desculpe, senhor? - o olhou e Luan levantou uma sobrancelha. 

Luan: Não parou de olhar minha noiva desde que chegámos, quer um autógrafo? 

Garçon: Me desculpe seu Luan, eu não queria causar desconforto. Apenas estava admirando a sua noiva, muito parecida com uma menina que já namorei. 

Luan: Admirando? Quem pode admirar sou eu, cê não tem que olhar para o que é meu. Agora dá o fora daqui antes que tire a gorjeta gorda que coloquei aí. - apontou para o dinheiro e se levantou pegando em minha mão. O garçon apenas assentiu e deu as costas. 

Mel: Amor cê não foi muito duro não? - perguntei enquanto saímos - Ele pareceu ainda gostar daquela menina parecida comigo. 

Luan: Isso não lhe dá o direito de olhar direto. - falou sério e abriu a porta do carro pra mim entrando na outra porta. - Você não é ela. 

Mel: Tá, esquece isso. 

Luan: Esqueci. - me virei surpresa pela atitude dele e só esperava que não estivesse fingindo como da última vez com Lucas. - Vamos na praia? 

Mel: O que você vai fazer na praia á noite? 

Luan: A gente sempre teve o que fazer. - falou malicioso e me olhou de lado. 

Mel: Vamos andar apenas na calçada? - sugeri e ele semicerrou os olhos. 

Luan: Só andar? 

Mel: É, o resto prefiro no calor da nossa cama. - coloquei minha mão em sua perna e apertei o sentindo ficar tenso. 

Luan: Como cê quiser. 

Duas semanas se passaram e viajei com Luan um fim de semana, para um show perto, como tínhamos combinado que iríamos. Mais uma vez Rafa saiu de casa ás 15h e chegou ás 18h e quando tirou o casaco o atirando para o sofá onde eu estava senti um cheiro diferente. Ele foi na cozinha pegar uma água e aproveitei para tirar minha dúvida. Era perfume de mulher, subtil, mas era. Meu sangue ferveu e tentei manter a calma. 

Luan: Amanhã vamos gravar nosso dueto. 

Mel: No Studio Vip?

Luan: Aham, de tarde. 

Sempre que ele saía era pra ir no Dudu então poderia ser que trabalhasse lá alguma mulher. Amanhã teria a certeza. 

Dudu: Então Mel preparada? 

Mel: Nem muito, mas vamos lá.

Luan: Eu vou no banheiro e já volto rapidinho. 

Mel: Desculpa a pergunta Dudu, mas aqui só trabalha homem? - fingi curiosidade, o que eu queria era saber se tinha alguma mulher, dona do perfume do casaco de Luan. 

Dudu: Trabalha a Fabiane, mas ela está de licença de maternidade faz um mês. - se está fora é impossível ser ela, isso quer dizer que Luan não vem para o estúdio do Dudu, mas onde será que ele tem ido? 

Demorou bastante tempo para gravar, pelo menos a minha parte. Estava nervosa e o fato de pensar no último acontecimento e em Luan com outra mulher me fez bloquear e me enganar diversas vezes. 

Luan: Amor tem calma, respira fundo e esquece que o Dudu está daquele lado. É só eu e você na Banespa cantando. - falou olhando dentro de meus olhos e assenti recebendo um selinho delicado e demorado dele. 

Terminámos um pouco tarde e a sorte é que Alice já comia normal, porque se ainda mamasse seria o diabo. Voltámos para casa e logo jantámos. Eu precisava conversar com alguém e foi a minha avó que recorri. 

Mel: Avózinha será que tem um minuto para a sua neta? - coloquei a cabeça na porta do quarto dela a vendo fazer ponto-cruz nas fraldinhas de Alice. 

Lúcia: Claro, entre meu amor. 

Mel: É... - fiz uma pausa e me sentei ao seu lado - Eu acho que o Rafa anda escondendo algo de mim. 

Lúcia: Porque dizes isso? 

Mel: Ele sempre que está aqui sai sempre á quarta de tarde á mesma hora e volta á mesma hora também. E ontem senti um perfume de mulher no casaco dele vó. - olhei pra baixo brincando com meus dedos. 

Lúcia: Mas pode ser de alguém da equipa dele Mel, sabes que perfume impregna rapidamente. 

Mel: Eu sei, mas não é de hoje que eu acho que ele está diferente. Não quero bancar a mulher chata que fica controlando o marido, mas se ele tem hora certa para ir e voltar é porque anda escondendo alguma coisa. O que ele me diz é que vai pro Dudu, mas lá não trabalha mulher vó. - a olhei com o olhar confuso.

Lúcia: Eu percebo-te Mel. - Acariciou meus cabelos - Vocês sempre se resolveram falando, abre o jogo com ele. 

Mel: Para ouvir ele dizer que está no Dudu? Não, eu não vou conversar com ele. Tive outra ideia, só preciso que você fique com a Alice. 

Lúcia: Mas o que vais fazer? 

Mel: Vou persegui-lo na próxima vez. - minha avó se assustou com essa atitude mas não iria voltar atrás. 

Boa noite gatinhas! Luan tem controlado os ciúmes e dando mais espaço a Melissa, fazendo a mesma se admirar com as suas atitudes. Mas parece que uma mulher anda rodeando o nosso Luan, quem será? Ou não será ninguém e foi apenas um acaso? Melissa ficou desconfiada e parece que o vai perseguir. Como acham que isso vai terminar? Comentem amores, beijos! 

Amanhã como nas semanas anteriores não haverá capítulo, deveres académicos me chamam. Volto na quinta com tudo.