terça-feira, 24 de março de 2015

131. Amor e ódio de mãos dadas

Agarrei a mão dela e acariciei seus cabelos. Durante o caminho os enfermeiros cuidaram dos ferimentos do seu rosto meigo. A culpa era toda minha. As lágrimas não cessavam e o doutor Eduardo me olhava vez ou outra enquanto se preparava para provocar o parto. 


Dr. Eduardo:  Quer um calmante Luan? 

Luan: Não doutor, só quero que fique tudo bem, só isso. - solucei. 

Dr. Eduardo: Vamos começar, mantém a calma. - assenti e o vi começar todo o procedimento. 


Melissa nunca me perdoaria se algo acontecesse aos nossos pequenos. E mesmo assim, não sei se me irá perdoar. Eu menti pra ela para estar na farra, para descontrair, sabendo perfeitamente que o meu ponto de paz é sempre ela. Não demorou muito e meus gémeos nasceram, peguei nos dois e beijei a cabeça de cada um ainda sujos com o sangue. Choraram no meu colo e as enfermeiras os levaram para cuidarem deles. As bolsas não estavam ali e então tiveram de vestir uma roupinha de hospital mesmo. 


Dr. Eduardo: Quais são os nomes dos bebés? 

Luan: A menina é Nicole Alencar Santana, o menino... - fiz uma pausa lembrando que Melissa ficou responsável por isso. - A Mel que escolheu, ela que sabe doutor. - falei com um nó na garganta. 

Dr. Eduardo: Tudo bem. Luan. - me chamou e desviei meu olhar de Melissa - Os bebés por nascerem prematuros terão de ficar cerca de três semanas aqui no hospital na incubadora sob os nossos cuidados. 

Luan: Três semanas doutor? 

Dr. Eduardo: É necessário, só assim eles terão o peso adequado para se protegerem sozinhos, agora eles estão vulneráveis demais. 

Luan: Tudo que eles precisarem o senhor faz, eu não quero que nada falte aos meus filhos. - falei quase que num sussurro olhando Mel. - E a Melissa? 

Dr. Edurdo: Ela terá de ficar uma semana internada, tem alguns ferimentos que merecem atenção e por sofrer um forte impacto necessita de repousar mais tempo. 

Luan: Obrigado doutor. - saí para perto de Melissa e alisei seu rosto enquanto as enfermeiras terminavam o processo. - Oh meu amor, eu nunca vou me perdoar pelo que te fiz, nunca. Só quero que você acorde e acredite em mim. Eu te amo mais do que a mim mesmo. A minha vida se resume a vocês. - sussurrei bem próximo de sua cara e o choro recomeçou. As máquinas começaram a apitar freneticamente e me assustei vendo dr. Eduardo correndo para perto. 


Dr. Eduardo: Luan você vai ter de sair. 

Luan: Não, eu não vou a lugar nenhum. O que ela tem doutor? - me desesperei. 

Dr. Eduardo: Ela está entrando num estado crítico por causa do cansaço extremo e do nervosismo, você tem de sair agora. - me ordenou e fui arrastado por um enfermeiro para fora. 


No corredor tinha cadeiras vazias e não pensei duas vezes antes de chutar algumas delas até ser parado pelo segurança. 


Segurança: Vai se acalmar ou vou ter de o expulsar? - me ameaçou. 

Luan: Me deixa cara, minha muié está passando mal por minha culpa e eu sem poder fazer merda nenhuma, me deixa no meu canto. - gritei chorando e acho que ele ficou com tanta pena que saiu dali. 


Me encostei na parede e deslizei por ela até me sentar no chão. Apoiei os braços nos joelhos e deixei que o choro saísse com gritos revoltados. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas fui parado com uma mão suave em minha cabeça. Minha mãe estava ali e a abracei bem forte vendo o olhar dos meus pais e de Bruna preocupados. 


Luan: A culpa é minha mamusca, toda minha. 

Mari: Não digas isso Luan, você não tem culpa. 

Luan: Tenho sim, eu que provoquei tudo isso. 

Amarildo: Nós já sabemos do acidente, mas não quero que me digas o motivo disso agora, depois conversamos. Mas o que aconteceu aqui? 

Luan: Meus filhos nasceram. - sorri de canto - Mas a Mel começou a passar mal e me mandaram cá pra fora. - chorei soluçando. - Como vocês souberam? 

Mari: O Eduardo nos ligou, ele estava preocupado com o seu estado meu amor. - falou meiga me ajudando a levantar. 


Me sentei um pouco e Bruna ficou do meu lado abraçada comigo. Meu pai me olhava indecifrável e sabia que teria de contar tudo para ele, pois apesar de me repreender feio ele me daria os melhores conselhos. 


Luan: E a Alice?

Bruna: A gente passou lá em casa e avisámos a avó, ela está esperando notícias. Também ligámos para os pais da Mel e logo mais eles devem estar cá no país. 

Luan: Eles vão me matar.

Bruna: Não fala isso Pi. 

Luan: É verdade, mas eu mereço, a culpa foi toda minha, toda minha Bruna. Nenhuma dor será maior se eu perder o amor da Melissa. - Bruna me abraçou mais forte e minha mãe me deu um copo de água. Doutor Eduardo apareceu ali um tempo depois e cumprimentou meus pais. 

Dr. Eduardo: Ela está estabilizada, já a levámos para o quarto e acordará amanhã. 

Luan: E meus filhos? 

Dr. Eduardo: Na incubadora, podem ir á salinha vê-los, estão dormindo, as enfermeiras já se encarregaram de os alimentar já que a Melissa não tem leite suficiente por ser um parto precoce. Luan acho melhor você tomar um calmante e dormir. 

Luan: Não vou dormir, eu quero ficar com a Mel. - supliquei. 

Dr. Eduardo: Melhor não, ela pode ter outra crise de nervosismo. 

Luan: Não terá doutor, eu só quero ficar olhando ela. - ele aceitou meio relutante. 

Amarildo: A imprensa já está sabendo. - avisou depois de mexer no celular. - Daqui a nada estarão aí. 

Luan: A Arleyde pode vir resolver isso com eles? 

Amarildo: Ela está fora filho, mas eu trato disso. - lhe dei um abraço e saí atrás do doutor. 

Mari: Filho, vê se dorme. - me pediu e lhe dei um beijo assim como em Bruna. 


Passei a noite olhando a minha menina ferida dormindo profundamente. Quando o sono me venceu adormeci torto no cadeirão sendo acordado por raios de sol. Me levantei e fechei a cortina para não incomodar. Quando me virei Melissa se mexia e fui até ela devagar. 


Mel: Onde eu estou? - perguntou acordando 

Luan: No hospital. - falei baixo e ela me olhou assustada. 

Mel: O que você está fazendo aqui? - indagou com mágoa e raiva. 

Luan: Eu... - tentei falar mas não havia nada que pudesse dizer. 

Mel: Sai daqui agora. - disse entredentes. - Nossos filhos? 

Luan: Terão de ficar três semanas na incubadora. - falei com o olhar baixo. 

Mel: Agora sai. 

Luan: Mel, eu não queria ter mentido pra você, não aconteceu nada. - falei rápido e ela revirou os olhos. 

Mel: Sai. - gritou me fazendo estremecer e lembrei do que o doutor falou. Saí contra a minha vontade e deixei a porta entreaberta. A ouvi chorar e do outro lado da porta libertei meu choro também. 


Doutor Eduardo passou por ali e me mandou ir na cantina comer enquanto analisava a Mel. Fiquei lá por alguns minutos e só consegui beber o café, nada mais descia. Passei a manhã ali, observando meus filhos. Mesmo que não conseguisse comer nada empurrei uma sopa na hora do almoço. Estava voltando para o quarto da Melissa quando ouvi algumas vozes de dentro. Abri a porta devagar e meus sogros estavam ali com meus pais, Gabi e Lara. 


Gonçalo: Vem cá rapaz. - falou rude e entrei olhando Melissa que desviou o olhar para seu pai. - Eu entreguei-te a minha filha e você deixa isso acontecer com ela? Tu prometeste que cuidarias bem dela e não é o que eu vejo. - falou frio e alto se aproximando de mim. - Nem devias estar aqui, quero-te bem longe da minha filha a partir de agora. Eu sabia que não deveria ter dado uma chance para vocês. Eu sabia. 

Luan: Eu não queria que nada tivesse acontecido. Eu sei que a culpa é minha e vou viver com ela pra sempre.- falei embargado sentindo meus olhos queimarem. 

Gonçalo: Foste irresponsável e não protegeste o que era teu, agora perdeste e espero que vivas com isso por muitos anos. - esbracejou.

Mel: Pai pára, não está ajudando em nada isso. O que aconteceu só diz respeito a nós dois, não fala do que não sabe pai. 

Gonçalo: Vais perdoá-lo assim tão fácil? Se ele mesmo admitiu que a culpa era dele o que ele mais merece é o inferno. 

Mel: Chega pai. - choramingou.

Gonçalo: Não acredito que o estás a defender? 

Mel: Não estou, apenas não complica por favor. - suplicou. 

Gonçalo: Como preferires, mas depois não venhas chorar arrependida. 

Mel: Apesar de tudo eu o amo e a gente está junto, só à gente diz respeito o que aconteceu. Agora me deixem sozinha por favor. - falou chorando e vi todos saírem. Meu pai apertou meu ombro e quando estava me virando Melissa me chamou .- Fica. 

Luan: Eu não quero que você se sinta desconfortável comigo aqui. 

Mel: Eu estou pedindo. - disse um pouco mais firme e me aproximei um pouco. - Me leva para ver nossos filhos? 

Luan: O doutor disse que você tinha de ficar em repouso. 

Mel: Não quero saber, me leva ou eu vou pelo meu pé mesmo. - ameaçou. 

Luan: Nem nesse estado deixa de ser teimosa. - resmunguei e ela revirou os olhos. - Vem cá que eu te ajudo. 

Mel: Só preciso que confira que não está ninguém no corredor. - assenti e fui ver, com certeza todos tinham ido á cantina. 


Voltei para junto dela e a ajudei a ficar de pé, ela tentou dar alguns passos mas estava tão fraca e dolorida que se apoiou em meu braço. Abracei sua cintura e caminhámos a passos lentos até á porta. por aquele andar alguém nos pegava no flagra e foi aí que a peguei no colo a fazendo me olhar assustada. 


Mel: Não estou inválida. - returcou. 

Luan: Não, importa, se quiser ver nossos filhos vamos ter de ser rápidos. - ela bufou e abraçou meu pescoço. 


A coloquei no chão assim que chegámos e ela segurou a parede de vidro abrindo a porta. A olhei assustado, pois não sei se seria permitido mas não estava ninguém lá para nos impedir. Entrei junto e nossos pequenos estavam juntos e sozinhos naquela salinha. 


Mel: Impressionante, como eles sempre parecem com você. - observou e ela tinha razão, mas cada um tinha traços bem marcados dela, como o narizinho. 

Luan: Tem a sua cara também.

Mel: Queria muito pegar neles. 

Luan: Não dá. - falei triste vendo a incubadora fechada. 

Mel: Você foi o primeiro a pegar neles? - perguntou me olhando de baixo e assenti. - Obrigado. 

Luan: Por nada, são meus filhos também. 

Mel: Eu já tenho o nome do nosso menino escolhido, bem antes de tudo acontecer. 

Luan: Qual que cê escolheu? - perguntei curioso e ela respirou fundo me olhando. 

Mel: Breno Rafael. - meu mundo parou. Ela tinha aceite o nome que eu tanto queria e pra completar juntou o Rafael em minha homenagem, Como eu pude fazer a besteira que fiz com uma mulher perfeita dessas? 

Luan: Você... - fiz uma pausa respirando fundo - Eu estou sem palavras. Obrigado por isso, de verdade. Eu sei que não mereço, mas você sempre se supera e me mostra que é a melhor pessoa do mundo a cada dia. Obrigado Mel. 

Mel: Não tem de agradecer, faria todo o sentido os gémeos terem os nomes que você gosta. 

Luan: Eu te amo tanto. - confessei e ela não fez caso.  - Vamos voltar? 

Mel: Vamos né? - a peguei novamente no colo e a levei ao quarto.  -Agora faz um favor pra mim? 

Luan: Claro. 

Mel: Vai pra casa e toma um banho, dorme um pouco e vê a Alice por favor? 

Luan: Quem fica com você aqui? 

Mel: Minha mãe e a sua irmã. 

Luan: A Bruna não tem trabalho?

Mel: Acho que nestes dias ela está com algum tempo livre. 

Luan: Eu vou adiar todos os shows pra ficar com vocês pelo próximo mês. - ela assentiu e ia beijar a sua testa mas ela desviou a cara me deixando a meio do caminho. 


Em casa a avó estava com Alice na sala e me deu um sorriso reconfortante assim que me viu. Alice correu para os meus braços e a abracei forte. 


Alice: A mamãe? 

Luan: Está nos hospital minha filha, seus irmãozinhos nasceram. 

Alice: Sério? Como é o nome deles? 

Luan: Nicole e Breno Rafael. 

Alice: Rafaer como cê? 

Luan: Sim minha boneca. - beijei seu rosto e ela me abraçou. 

Alice: Tava com sadade. 

Luan: Papai também. Eu vou subir pra tomar um banho e dormir um pouco. - avisei avó e Alice me olhou. 

Alice: Quelo dormir cocê. 

Lúcia: Ela ainda não dormiu de tarde meu neto, nem na escolinha foi, achei melhor ficar em casa. 

Luan: Fez bem vó, eu vou subir com ela então. 

Lúcia: Daqui a pouco levo algo para comeres. - assenti e subi com Alice. 


Acordei já de noite e conferi no celular que eram 21h30. Alice já não estava comigo. Minha vontade era ir no hospital mas ela não me iria querer lá e minha irmã estava com ela. 


Bruna: Alô? 

Luan: Está tudo bem Pi? 

Bruna: Aham, ela está se recuperando bem. É...- Fez uma pausa e pelo tom de voz sabia que vinha bomba. - O pai está indo aí agora de noite conversar com você. 

Luan: Tá, já imaginaria que isso ia acontecer. Obrigado por ficar aí Bubu, qualquer coisa me liga por favor. 

Bruna: Pode deixar


Desci para comer alguma coisa e a vó estava descendo também saindo do quartinho de Alice. 


Lúcia: Ela acordou de tarde e depois do jantar dormiu de novo, pediu para ficar contigo mas como estavas a dormir achei melhor levá-la para o quarto dela. 

Luan: Não haveria problema vózinha, eu gosto de ter a minha princesa comigo. - lhe dei um meio sorriso.

Lúcia: Vou esquentar o jantar para ti. 

Luan: Não precisa vó, vou só comer um lanche, meu pai deve estar chegando aí. 

Lúcia: Não podes comer lanches, comida sustenta mais e tu precisas comer porque conhecendo-te como te conheço sei que não andas a comer nada. - não tive como relutar e comi devagar. 



Terminei de comer e a campainha tocou. Fui abrir e dei de caras com meu pai e Sorocaba. É, a conversa seria longa. 



Boa noite ! Capítulo narrado pelo Luan. Correu tudo bem com o parto mas não parece que Melissa vá perdoar o Rafa. Ela está muito magoada e embora o ame não consegue seguir em frente sem antes conversarem. Acham que vai correr bem a conversa? O Gonçalo estava quase batendo no Luan mas a Mel evitou e até se arriscou com ele em sair ás escondidas para espreitar os pequenos. Porque dois doidos juntos conseguem sempre o que querem ahahah Gostaram da homenagem da Mel ao Luan? Ele ficou todo bobo. Mas agora parece que terá de enfrentar uma longa conversa com o seu Amarildo e o Sorocaba. Comentem bastante amorecos. Beijos <3

4 comentários:

  1. Uooooooooou que louco. Será o que vai acontecer •o• to muito curiosa kkk Deu dó do Luan :( ele errou mas ele não queria que isso tudo tivesse acontecido, sabia que o pai da Mel tava só esperando a oportunidade de um erro do Luan. Que nome foooooofo mô deusu *-* Espero que a Mel fique bem e os gêmios também. Será que o Luan vai levar muita bronca em? D:

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    1. Ele errou feio e o pai da Mel não deixou passar, mesmo não sabendo do ocorrido.
      Será que ele vai levar nas orelhas? kkkkk

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  2. Que bom que os bebês nasceram bem.
    O pai da Mel ficou p da vida com o Luan, mas também pudera, né?
    Mel deve estar na dúvida se esquece tudo isso ou se continua chateada com ele.
    Nicole e Breno não são meus nomes preferidos (Luan gosta de verdade desse nome, Breno? Ele já disse algo ou foi você?), mas fazer o que né? Homenagem ao pai deve ser respeitada kkkk :b
    Como sempre, estou com pena do Luan. O sentimento de culpa é horrível. Culpa é um peso que é difícil demais de ser carregado :(
    Será que o pai dele vai dar uma bronca nele. E o Sorocaba? Foi ele quem colocou Luan no mau caminho kkkkk


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    1. Pois é, ele não iria deixar passar, o Luan vacilou feio. Ela está confusa mesmo kkkk mas eles vão ter uma conversa séria ainda.
      Sim Cams, Luan já disse em entrevistas que quer que os filhos se chamem de Nicole e Breno ahahah
      Ele está com o peso na consciência e não sabe para que lado se virar, por mais que ele erre faz sempre as coisas sem pensar, mesmo depois de alguns anos juntos kkkkk Não perde a mania!
      Será que o Amarildo vai dar bronca? Ele não o olhou com boa cara no hospital xD Pois é, o Sorocaba foi o impulsionador disso ahaha o que será que ele foi lá fazer? kkkkk

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