104. Uma volta ao passado

Luan: O que esse cara está fazendo aqui? - perguntou já nervoso. 

Mel: Amor eu não sei. - apertei Alice em meus braços. 

Luan: Você quer subir Mel? 

Mel: Não Rafa, a tia não tem culpa do que aconteceu, ela nem deve saber o que está acontecendo. 

Luan: Mas alguém tem de contar logo mais, esse cara é perigoso. - continuou nervoso e me abraçou de lado. 

Mel: Desta vez você está comigo. 

Luan: E vou te proteger. - beijou minha testa e seguimos em passos lentos até á mesa onde os tios e Gustavo nos esperavam. 

Rê: Minha filha como estás? E esta bonequinha aqui? - falou nos cumprimentando e paparicando Alice. 

Mel: Bem e vocês? - Cumprimentei o tio. 

Lau: Vamos bem. Luan como é cuidar de uma princesa assim? 

Luan: É maravilhoso. 

Gustavo: Oi Mel. - disse cínico e o olhei séria não respondendo - Parabéns, é linda a sua filha. 

Mel: Vamos comer gente? - disse mudando de assunto. 

Luan se sentou na frente de Gustavo e já adivinhava que não seria fácil esse jantar. Pedimos a comida e Alice dormia na cadeirinha de mão que Luan trouxe. Não sei se os tios repararam no clima tenso mas queria ver até onde iria a cara de pau do Gustavo. 

Luan: Então Gustavo está melhor? - indagou e senti provocação na sua voz. 

Rê: Você estava doente? - se admirou. 

Gustavo: É tia, foi lá em Paris, mas já estou bem sim. - sorriu fechado para Luan. 

Luan: Já voltou a ser o mesmo, ou continua diferente? - essa conversa estava me deixando ainda mais nervosa e não queria que Luan se envolvesse em bate bocas.

Mel: Amor deixa essa conversa pra depois. - falei baixo e Luan me olhou me dando um selinho. 

Lau: Luan encontrei seu pai quando chegámos, próximo Natal passámos juntos lá na sua chácara. 

Luan: Que ótimo, vamos pescar. - se empolgou e Gustavo não parava de me encarar. 

Rê: O David é capaz de conseguir vir também, agora que está em Paris tem folgas maiores. 

Mel: Adorei saber isso. Ele ainda não viu a Alicinha.

Rê: Você nem imagina o quanto ele me fala dela, está sempre dizendo que a quer ver. Se prepara para ficar sem a sua filha por algum tempo. - rimos. 

Mel: Quando se fala em crianças e David é fácil ficar sem eles mesmo. 

A comida chegou e quando pedimos a sobremesa Gustavo pediu licença para ir no banheiro. 

Rê: Mel é impressão minha ou você e o Gustavo não estão bem? - perguntou preocupada.

Mel: Na verdade aconteceram umas coisas aí, mas não quero falar disso tia. Um dia a senhora vai saber. 

Rê: Mas foi assim tão grave? 

Luan: Melhor conversar com o seu filho D. Regina. - disse calmo e a tia ficou ainda mais preocupada. 

Rê: Me preocupei agora, o David nunca me escondeu nada. 

Lau: Depois falamos com ele Regina. 

Gustavo logo voltou e terminamos o jantar. Não prolongamos muito mais a conversa, até porque estar no mesmo ambiente que ele não me deixava confortável. Nos despedimos dos tios e subimos. 

Luan: Cê viu? Caladinho, nem se pronunciou. Ele que não abuse porque eu juro que não me seguro Melzinha. - me avisou enquanto estávamos no elevador. 

Mel: Eu vou falar com o David, quero entender o porquê do Gustavo estar cá. 

Luan: Desequilibrado do jeito que é, não duvido que tenha fugido. 

Mel: Duvido, ele não tem dinheiro para viajar, o David foi rigoroso demais com ele. 

Cheguei no quarto e Luan brincava com Alice que tinha acordado. Disquei o número de David e quando ia ligar recebi uma mensagem da Tia Rê me pedindo para ir até ao quarto dela que precisava conversar comigo. 

Luan: Quem é amor? 

Mel: A tia me pedindo para conversar com ela, mas é estranho, ela sempre me ligou. - dei de ombros e Luan me olhava desconfiado. 

Luan: Você vai? 

Mel: Vou, deve ser algo importante. 

Luan: Quer que vá junto? 

Mel: Ela deve querer conversar em particular amor. Fica com a Alice e veste o pijama nela, já já eu volto. - lhe dei um selinho e saí. 

Na mensagem dizia ser o quarto 405, não tinha trazido o celular comigo e só esperava que fosse mesmo esse e não tivesse confundido. Bati na porta e por não responderem girei a maçaneta, a luz estava acesa e fui entrando. 

Mel: Tia? - chamei mas ninguém respondeu. 

Gustavo: Que bom que você veio. - apareceu do banheiro vindo até mim. 

Mel: Você? Deve haver alguma confusão. 

Gustavo: Não há confusão nenhuma. - fechou a porta. - Eu que te chamei aqui pra conversarmos. 

Mel: Eu não tenho nada para falar contigo. - disse rude. 

Gustavo: Mas tenho eu com você. 

Mel: Eu vou embora. - me virei e ele segurou meu braço. 

Gustavo: Você não vai a lado nenhum. 

Mel: Olha que eu grito.- ameacei. 

Gustavo: Me ouve apenas. - me pedia sério e suspirei fundo assentindo. - Eu quero falar com você acerca do que aconteceu em Paris. Eu me lembro de tudo que te fiz e todos os dias me arrependo disso. Perdi a sua amizade e isso me faz muita falta. Mas eu só queria que você soubesse o motivo que fiz aquilo. É fato que eu estava apaixonado por você e a clínica era bem fraca em nível de segurança e vigilância. Tanto que a droga entrava fácil lá. - me admirei com isso, David tinha escolhido a dedo a clínica mas parece que se enganou - Eu conheci um cara que trabalhava lá de voluntário e ele que trazia a droga para dentro. Entenda que o uso de drogas com os remédios que me obrigavam tomar me fez ser mais violento e sem escrúpulos. Eu sei que você não me vai perdoar, mas só quero saber se algum dia poderemos falar como dois conhecidos e não como estranhos. 

Mel: Já acabou? - cruzei os braços e o encarei impaciente. 

Gustavo: Você não vai dizer nada? 

Mel: Não tenho nada para dizer, você acabou pra mim. Era isso que queria ouvir? 

Gustavo: Não fala isso, eu sei que você se preocupa comigo. O David não me visitou durante imenso tempo e quando lá foi me contou que em respeito a você e ao seu pedido ele foi me ver. Você ainda nutre algo bom por mim. 

Mel: Se ódio for bom. Eu tenho é pena de você. 

Gustavo: Não tem volta a nossa amizade? 

Mel: A nossa amizade morreu a partir do momento em que você me tocou de forma nojenta. Mas me diz só uma coisa? Como você conseguiu vir pra cá? 

Gustavo: O médico disse ao David que seria bom eu espairecer perto de quem cuida de mim e me ama. Os tios não sabem de nada ainda e o David pensou neles imediatamente. Por isso estou aqui. 

Mel: Quando eles souberem você sabe o que irá acontecer né? 

Gustavo: Sei, mas não saberão por enquanto. 

Mel: Se era só isso eu vou indo. 

Gustavo: Vai e avisa o seu marido, ou namorado, não sei, como até filha você tem não sei mais que mudou. Avisa ele que se tentar sequer me provocar eu vou socar a cara dele, a gente tem uma dívida aí, e você não imagina a vontade que tenho de desfazer a cara daquele playboyzinho. 

Mel: Escuta aqui uma coisa. - apontei-lhe o dedo e falei firme - Se você ousar encostar no meu NOIVO. - fiz questão de frisar - Quem vai socar em alguém aqui, sou eu em você. Não brinca comigo Gustavo, não toca em quem eu amo. Se você ainda tem algum respeito por mim faça o que estou te mandando e vê se fica longe. - Gustavo me olhava admirado e nem o deixei falar, saí disparada do quarto indo para os braços de quem me acalma sempre. 

Luan: Como correu amor? - me olhou e o abracei forte, sentindo os seus carinhos em meu cabelo. 

Mel: Foi o Gustavo que mandou a mensagem, ele queria conversar comigo. - revelei e Luan me fez o olhar. 

Luan: Ele tentou alguma coisa? 

Mel: Não amor, ele apenas disse que na altura em que me fez aquilo estava sob o efeito de droga e dos remédios, acho que um voluntário da clínica traficava e dava pra eles.

Luan: Sabia que tinha algo estranho, pressentia isso. - me abraçou de novo e beijou minha cabeça. - Mas está tudo bem. 

Mel: Aham. A Alice está dormindo? 

Luan: Adormeceu faz pouco tempo amor. 

Mel: Vamos tomar um banho dos nossos então? - sugeri com um sorriso de canto e ele logo percebeu minhas intenções. 

Luan: Na hora. - me envolveu num beijo quente e foi me guiando ao banheiro, onde nos amámos intensamente e depois de um banho direito adormecemos. 

Luan pediu o café no quarto e depois de amamentar Alice me sentei com ele. Tomei um banho, hidratei a pele, fiz o cabelo e a make e me vesti. 

A inauguração desta associação seria um almoço, por isso saímos um pouco antes do hotel indo para o edifício em que estava sediada. Minha avó, os sogros e a Bruna foram connosco e os tios iriam com os restantes familiares e amigos do David. Gabriel também estava ali e me abraçou assim que me viu. 

Gabriel: Mais uma Melissa. 

Mel: Mais uma, e se Deus quiser mais virão. 

Gabriel: A imprensa chega daqui a nada, depois te chamo. 

Mel: Tá bom. Obrigado por teres segurado a barra enquanto estive afastada. 

Gabriel: Que é isso, você mesmo afastada fez muito. 

Mel: Quando voltar pra Sampa vou fazer o seu contrato de colaborador fixo do projeto. - falei sorrindo e ele me olhou arregalado. 

Gabriel: É verdade mesmo? 

Mel: Claro, mereces. - ele me abraçou feliz e foi conferir se tudo estava correndo bem.

Luan: Amor você viu algum papel no meu criado mudo?

Mel: Não lembro Rafa. Porquê?

Luan: Era o meu discurso, que escrevi junto com a Arleyde. - coçou a nuca fazendo uma careta. 

Mel: Você não guardou ele? 

Luan: Não me lembro. - começou a procurar nos bolsos. - Oh nada. 

Mel: Vai no improviso mesmo amor. 

Luan: Cê acha fácil porque estudou pra isso, eu não né? Vou meter os pés pelas mãos. 

Mel: Escreve alguma coisa agora amor, rapidinho. Se quiser te ajudo. - coloquei as mãos em seu peito. 

Luan: É? Você ao invés de me ajudar não quer fazer por mim não? - indagou sapeca e ri. 

Mel: Idiota. Vem que eu te ajudo. Traz o carrinho da Alice.

Chegámos na mesa onde os sogros e minha avó estavam e nos sentamos. Pedi um papel a Gabriel e Luan começou a escrever o que se lembrava do anterior. 

Mari: Meus filhos vocês deixam a menina estar com papel na mão, ela já estava colocando na boca, isso é perigoso. - advertiu de repente e olhámos Alice que segurava um papel. 

Luan: Meu discurso. - falou aliviado e tirou o papel das mãos da menina que começou um berreiro. - Oh filha não faz assim. 

Mel: Você deve ter deixado cair amor. - peguei Alice e tentei acalmá-la. 

Luan: Pega este amozinho do papai. - lhe deu o outro papel. 

Mari: Não ouviste o que te disse há pouco tempo Luan Rafael? - falou brava e Luan a olhou com receio. 

Mel: Eu estou de olho Mari, se ela colocar na boca eu tiro. - garanti. 

Luan: Nossa mãe, tá capaz de me matar. 

Mari: Você bem que merece uns tapas ás vezes, a sua sorte é já não morar lá em casa. 

Luan: Não fala desse jeito que a senhora me deixa triste, eu tenho saudade do seu cafézinho, do seu cafuné. - disse fazendo bico fingindo tristeza. 

Mari: Meu amor eu também tenho saudade de te mimar. - falou meiga e Luan logo riu.

Luan: Sabia que a senhora não me resistiria. Ninguém resiste. - falou convencido e levou um beliscão da Mari nos fazendo rir. 

Rê: Melissa. - chegou afagada - Você viu o Gustavo? 

Mel: Não, ele não veio com vocês? 

Rê: Ele disse que ia no shopping e depois vinha pra cá e ainda não apareceu, já faz duas horas que ele foi. - falou preocupada e olhei Luan que me olhava sem saber o que dizer ou fazer. 

Boa noite amorecos! Gustavo chegou de novo para desequilibrar, mas parece não ter conseguido. Melissa foi fria com ele e parece que ele entendeu o recado. Luan sendo Luan e se esquecendo das coisas ahahah sorte que a Alice estava com o papel ahah E agora essa preocupação da D. Regina, será que o Gustavo se meteu em problema? O que será que aconteceu? COMENTEM bastante por favor! Beijos <3