94. Esquecimento

Rober: Boa noite Melissa. - me olhou como se me pedisse desculpa.

Mel: Oi Rober. O que aconteceu?

Luan: Amor, amor, amor, amorzinho. - cantarolou e Rober o sentou no sofá.

Rober: Ele não deu conta de que estava exagerando e quando se levantou mal se segurou, sorte que não foi no carro dele. 

Mel: Você me ajuda a levá-lo pra cima? 

Rober: Claro, nem deixaria você fazer isso sozinha. - pegou em Rafa e o levou até ao quarto. 

Mel: Obrigado Rober. 

Rober: De nada Mel, qualquer coisa me liga. 

Mel: Não queres dormir aqui? 

Rober: Não, vou voltar para casa de uns amigos. - nos despedimos e olhei Luan que estava deitado na cama de bruços.

Mel: Vai tomar banho Luan. - falei firme e ele riu. 

Luan: Não tô com vontade amor. 

Mel: Mas precisa. - o levantei e com muito custo o levei ao banheiro. O despi e liguei a água fria. 

Luan: Vem me aquecer amorzinho. - fez biquinho e o estado dele era deplorável. 

Terminei de o ajudar a vestir e o deitei na cama, onde ele pregou o olho imediatamente, troquei de roupa e me deitei ao lado dele. Acordei cedo e Rafa dormia pesado. Tomei meu banho e me vesti. Minha avó estava tomando café e me deu um sorriso de bom dia quando me sentei perto dela .

Lúcia: Está tudo bem?

Mel: Aham, só o Luan que chegou tarde ontem e bêbado. - falei em desagrado. 

Lúcia: Foi boa a festa. 

Mel: Boa até demais. - disse irónica me lembrando de o ver conversando com a Cacau. - Só espero que ele acorde para ir no consultório comigo. - terminei de comer e subi.

Luan estava na mesma posição. Arrumei minha mala e me agachei perto dele o tentando acordar. Passei as mãos em seus cabelos e costas e ele nem se mexia. Busquei um remédio para a ressaca e deixei em cima do seu criado mudo.

Mel: Rafa acorda. - chamei imensas vezes e nada dele acordar. Como as minhas tentativas estavam sendo em vão resolvi abrir a cortina para que a luz do sol entrasse. Foi aí que ele se mexeu. - Luan levanta, daqui a pouco temos de sair. 

Luan: Me deixa dormir Melissa. - falou firme. 

Mel: Mas a gente tem de...

Luan: Dá pra fechar a porra da janela e me deixar dormir? - me interrompeu gritando, estremeci com essa atitude. 

Mel: Sério que você está falando desse jeito comigo? - indaguei indignada. 

Luan: Pára com esse mimimi e fecha a janela, não te quero ouvir logo cedo. - falou rude colocando o travesseiro em cima do rosto. 

Mel: Depois não venha pedir desculpas, para mim já deu. - peguei minha bolsa e tentei segurar o choro. Saí rápido do quarto batendo a porta. Por ser acústico não o ouvi resmungar mas com certeza ele se passou, pois deixei a cortina aberta. 

Lúcia: Já vai minha filha? 

Mel: Já vó. 

Lúcia: O Luan não vai com você?

Mel: Não, e quando ele acordar diga que o mandei para aquele lugar. - falei irritada. 

Lúcia: Já brigaram?

Mel: Não sei se pode se chamar de briga, mas eu não quero conversa com ele. Vou indo vó. - me despedi e fui sozinha mesmo.

Dr. Eduardo: Veio sozinha? - estranhou por me ver sempre com Luan. 

Mel: Pois é.

Dr. Eduardo: Está tudo bem com o nosso cantor? 

Mel: Está. - fui curta pois não queria prolongar a conversa. 

Dr. Eduardo: Vamos fazer a ultra então, pode se deitar e levantar a blusinha. - assim o fiz e o doutor passou o gel ligando o aparelho. - Como tinha dito, hoje será a 3D, você vai poder ver as feições bem notórias da sua filha. 

Mel: Estou ansiosa. - O doutor passou o negócio na minha barriga e foi aparecendo no visor o corpinho da minha bebé, até parar no rosto. - Que linda. - falei emocionada.

Dr. Eduardo: Me parece muito saudável mas um pouco agitada, anda se enervando mamãe? - me olhou de canto e respirei fundo. 

Mel: Coisa boba. - justifiquei. 

Dr. Eduardo: Não pode, o bebé sente tudo. Mas como você é obediente vou acreditar que vai se acalmar de agora em diante. - assenti - Vou gravar tudo para você guardar. 

Mel: Obrigado doutor. 

Me deu mais algumas recomendações e pelos cálculos no início do mês de Setembro ela nasceria. Me deu um envelope com as imagens da eco e o Dvd e quando estava voltando decidi parar no shopping. Quanto menos evitasse ver Luan melhor. Comprei algumas roupas mais larguinhas e quando passei numa loja de bebé me vi tentada a entrar e comprar várias coisas, mas embora estivesse chateada com Rafa não lhe daria este desgosto de comprar sem ele. Lanchei lá mesmo e enrolei mais um pouco. Mas a hora de voltar estava chegando e não podia evita-lo sempre. No caminho até casa repensei no que se sucedeu, e desta vez não haveria desculpas que amolecesse o meu coração. Ele vacilou feio e me magoou com a sua atitude. Eu faço de tudo para marcar as consultas nas folgas dele e depois ele se esquece. Entrei em casa e estava tudo igual. 

Lúcia: Como correu meu amor? - veio da cozinha com o pano nas mãos. 

Mel: Bem vó, vem cá ver a sua bisneta, que é uma gracinha. - me sentei no sofá e lhe mostrei as imagens. - Ele ainda está dormindo? - perguntei fria. 

Lúcia: Acho que sim. - me olhou com dó. - Vocês precisam de conversar sério. 

Mel: Eu sei, mas não estou com paciência para isso agora. 

Luan: Bom dia. - chegou descendo as escadas já arrumado com uma roupa confortável. 

Lúcia: Bom dia meu neto. - Me levantei e peguei nos sacos saindo da sala. 

Luan: Amor, está tudo bem? - me chamou e correu até mim. - Me dá um beijo. - foi em direção a minha boca mas desviei subindo as escadas. 

Deixei os sacos ali no canto mesmo e troquei de roupa. Me deitei um pouco no sofá e fiquei relaxando. Ele não me iria stressar mais, pela minha filha eu não permitiria isso. Ouvi a porta se abrir e olhei pra ver quem era.

Mel: Bom dia Neide. 

Neide: Oh menina nem te vi aí, vim fazer a cama e arrumar o quarto. 

Mel: Tá bom, fica á vontade. - voltei a fechar os olhos e passado um tempo ouvi a porta fechar, com certeza ela saiu. Mas senti alguém se aproximar de mim e pelo cheiro sabia que era Luan. Com certeza Neide tinha saído já. 

Luan: Amor você quer conversar? - me perguntou meigo, mas não lhe respondi. - O que aconteceu hein?

Mel: Dá pra não falar comigo? - fui curta e grossa. 

Luan: O que eu te fiz? 

Mel: Sério que você não lembra? - disse cínica abrindo os olhos e o vendo sentado na ponta do sofá. 

Luan: Foi por ter chegado tarde ontem? 

Mel: Tarde e bêbado. Mas não foi isso não. 

Luan: Eu estava alegre mas não vejo onde está o problema. 

Mel: Você estava quebrado, o Rober teve de te ajudar a andar. E para começo de conversa o problema está numa foto onde você conversava com uma certa ex-ficante. - sorri falsa e ele me olhou. 

Luan: Eu não sabia que ela ia amor, o Sorocaba que levou ela. 

Mel: Vocês são muito cegos mesmo, mas são homens, só querem uma coisa né? - disse irritada. 

Luan: Mas é por isso? A gente apenas conversou. 

Mel: E também porque você hoje de manhã parecia que ainda estava bêbado, porque a forma cruel que me tratou foi vergonhosa. - lhe atirei á cara. 

Luan: Eu te tratei mal? - perguntou admirado.

Mel: Tratou, mas sabe que nem foi por falar com a Cacau ou gritar comigo que me magoou. Mas sim o fato de esquecer dos seus compromissos, eu te avisei ontem mas você não quis saber. Perdeu uma das oportunidades mais lindas da sua vida. Mas se quiser conferir, o envelope com o DVD e as fotos da sua filha a 3D está em cima da cama. - falei fria e Luan engoliu em seco, provavelmente se lembrando da consulta. Me levantei rápido e saí do quarto. 

Ainda não estava na hora de almoçar e fiquei na área da piscina pensando em tudo. Minha vó veio me chamar para almoçar e quando cheguei na cozinha não o vi. 

Lúcia: Eu vou fazer um tabuleiro e levar para o Luan.

Mel: Tá bom. - falei terminando a minha sobremesa. Logo ela chegou com o que tinha levado. 

Lúcia: Ele diz que não está com fome. Me pareceu bem triste.

Mel: Não mais do que eu. - disse e ela suspirou. 

Lúcia: Eu não sei o que aconteceu mas espero que você consiga superar isso. - fez carinho em meus cabelos e assenti. - Vai ficar em casa hoje? 

Mel: Não, vou no escritório adiantar o trabalho para me distrair. 

Luan não desceu e quando cheguei no quarto para trocar de roupa me deparei com ele no sofá vendo o vídeo da ultra. Ele não reparou que tinha chegado e um soluço escapou de sua garganta. Ele chorava sufocado e aquela cena cortou meu coração. Fiquei o olhando e deixei escapar algumas lágrimas. Fechei a porta e ele me olhou limpando o rosto rápido e mantendo o seu olhar no chão. Peguei nas roupas e comecei a me trocar. 

Luan: Vai sair? - perguntou baixo. - Eu... - fez uma pausa e me olhou - Eu sei que não tem perdão o que eu fiz, eu me lembrei o que aconteceu hoje cedo e me sinto um monstro por te falar daquele jeito. Você tem todos os motivos para me bater, esculachar e me odiar, mesmo que eu saiba que você não me odiaria. Você é a melhor pessoa que já conheci e só tem sentimentos bons. Eu te tratei daquele jeito porque estava meio grogue ainda, mas eu sei que mesmo isso não é desculpa para esquecer da consulta. - Fiquei sentada na cama brincando com meus dedos o ouvindo. - Te dou o tempo que você quiser. Não vou implorar o seu perdão porque não tem perdão, só espero que a gente consiga ultrapassar esta mágoa e decepção. - Me mantive calada e fui no banheiro, voltei e peguei a minha mala. - Me diz apenas onde cê vai por favor? - me pedia em suplica. 

Mel: Eu vou no escritório. E vê se desce para almoçar, por favor. - pedi e saí. 

Luan On: 

Ainda me custava acreditar que fiz aquilo com Melissa. Eu estava desiludido comigo mesmo. Quando ela saiu do quarto mais cedo pensei em tudo e me lembrei que gritei com ela quando ela me tentava acordar para a acompanhar. Não me perdoaria por isso, ela estava magoada e com razão, minha filha com certeza também estava. Mesmo chateada ela se preocupou comigo e me pediu para almoçar. Assim fiz, mas a fome não era muita. A vó estava na sala e me deu um sorriso de ternura. Fiquei vendo tv um pouco até me lembrar que poderia fazer alguma coisa, não para me desculpar com a Mel, mas de certa forma para a deixar um pouco mais feliz, que seja. Procurei o número do jardineiro que cuida do nosso jardim e ainda hoje ele passaria lá. 

Mel On: 

Cheguei no escritório e me assustei por a porta estar aberta sem chave. Abri devagar e me deparei com David analisando os relatórios.


Mel: Boa tarde David, por aqui?

David: Oh Melzinha nem te vi chegando, vim cá ver de perto. Você veio trabalhar? Sabe que não precisa né? - se levantou vindo me abraçar.

Mel: Eu sei, mas eu precisava.

David: Que foi hein? Luan viajou? - brincou e nos sentamos.

Mel: Antes tivesse sido isso.

David: Quer me contar? - me olhou meigo e assenti me deitando em seu colo. David sempre tinha uma palavra para mim e sempre me ouvia.

Mel: Eu não queria que fosse assim sabe Vi, mas estou muito magoada e desiludida com ele. - Contei tudo para David e sequei as lágrimas que rolaram enquanto David fazia cafuné em meus cabelos.

David: Homem é um bicho difícil mesmo. - ri com isso e ele continuou - Mas ele não fez por mal Mel, sei que não tem explicação para aquilo que ele fez mas são coisas que acontecem na vida. Cabe a vocês, enquanto um casal sentarem e conversar, crescerem juntos e serem maduros para seguir em frente.

Mel: Eu não consigo agora Vi. - choraminguei.

David: Shii, não chora Mel. Vai ficar tudo bem. Eu sei que você está sofrendo e ele também, deve estar se sentindo super mal e arrependido por ter se esquecido. É só o tempo de vocês indo esquecer aos poucos.

Mel: Obrigado por me ouvires e me aconselhares sempre David. - o abracei forte.

David: Vá, agora vamos fazer o que você vinha fazer aqui e depois vai pra casa.

Mel: E você quando vai de lua de mel, o dia tá chegando né?

David: Depois de amanhã, e por falar nisso obrigado pela viagem viu? Vou amar conhecer a Austrália.

Mel: Aproveita e nada de agradecer. - beijei seu rosto e passei a tarde com ele trabalhando e conversando. Tinha imensas saudades de David.

David: Agora pensa bem no que te falei e vai pra casa. - nos despedimos.

Mel: Boa viagem e fica com Deus meu anjo.


Voltei para casa pensando no que David me disse, ele tinha razão. O que o Luan fez magoou? Magoou muito, mas ele estava sofrendo também. E com o tempo iríamos resolver as coisas. Estava na porta de casa procurando as chaves quando ela foi aberta e uns senhores que reconheci serem os jardineiros saíam e Luan estava na porta. Nos olhámos e passei reto. Tomei um banho e vesti logo o pijama. Depois do jantar me sentei um pouco na sala sozinha e Luan subiu para o quarto voltando logo depois com uma mochila nas costas. 

Olá amores! Capítulo bem tenso, Luan vacilou feio com a Mel! Será que ela vai conseguir esquecer isso e perdoar o Rafa? E essa atitude dele de aparecer de mochilas ás costas? O que acham que vai rolar? Comentem bastante por favor! Beijos <3